sexta-feira, 30 de maio de 2008

Papillon


Na voz da corrente eu vou penetrando,
Eu sigo meus planos, eu sigo cortando,
Deixando pra traz um atroz desengano.

Na mata cerrada não vejo cantando,
O pássaro negro de olhar tão tirano.
No encalço abjeto magote mundano.

Na frente me guia uma luz flamejando.
Esperança de fuga de um olhar leviano,
Que não pode deter o meu passo cigano.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Não ando atrás de façanhas.
Me assombra todo heroísmo.
Minhas ilusões são tacanhas.
Me tangeu a vida do cinismo.
Fatigado da ostensiva leviandade,
Fico no meu quarto enclausurado,
Vendo o desfile altivo da veleidade,
Que viola o meu ego acabrunhado.

domingo, 11 de maio de 2008

Olha a lua cheia que vai surgindo,
Espalhando seus raios pelo mar,
Na floresta a onça segue rugindo,
A gaivota impávida voando no ar.
O canto da tribo ressoa pungente,
Pro barulho a toda gente alcançar,
Flameja o coração do meu povo,
No terreiro reunido para cantar,
Uma lágrima rompe dos meus olhos,
Ao ver minha gente feliz festejar,
Rio e choro ao toque dos tambores,
Que toda a floresta parece animar,
Quisera nunca essa festa acabasse,
Sempre houvesse algo a comemorar,
Pena que o branco invade nossa terra,
Com seus direitos nos força a emigrar!