sexta-feira, 13 de julho de 2012

DIÁRIO DE VIAGEM


Chegamos a Buenos Aires num começo de noite fria de inverno. Na primeira vez que estivemos (Aury e eu) em terras portenhas -- há cinco anos e meio atrás --, viemos para curar as dores de uma perda gravídica espontânea traumática.
As muitas alegrias que aquele final de ano quente de verão nos proporcionou viemos retribuir com mais alegria renovada. Uma alegria que possui nome e sobrenome: João Pedro Fontenele Meneses. Nosso filho querido que nos acompanha nesta viagem, com apenas quatro anos de idade mas com muitas milhas  já percorridas.
Um vento gélido na saída do aeroporto saudou nosso retorno. Cruzando a envelhecida área suburbana, as emoções recrudesceram, especialmente quando numa curva de um alto viaduto nos alcançaram as luzes da Av. 9 de Julio com seu majestoso obelisco ao fundo.
Naquela primeira noite, exaustos da longa viagem e padecendo com o frio severo -- o maior que já havíamos sentido (0º) -- não passamos da esquina da Av. Corrientes com a calle Junín. Fizemos umas compras básicas num comércio e logo em seguida, trêmulos de frio, voltamos para dormir. 
Na manhã seguinte fomos ao city tour: Plaza de Mayo, com sua Casa Rosada e Catedral Metropolitana; La Boca, passando por La Bombonera e Caminito; Palermo, Recoleta, San Telmo e Porto Madero, finalizando numa excelente casa de tango vizinha ao Obelisco, onde almoçamos um excelente bife de chorizo regado a muito vinho. No city tour compramos um CD com clássicos de Gardel e Piazzolla.
À tarde fomos às Galerias Pacífico, na calle Florida. Algumas compras, um café, alfajores... Voltamos de táxi ao hotel, à noite teríamos show de tango. Às 20h30min já estávamos no Señor Tango, a mais conceituada casa de shows da cidade, conduzida pela voz inefável de Fernando Soler, um dos maiores intérpretes argentinos da atualidade. No repertório, predominantemente Gardel e Piazzolla.
João Pedro dormiu até o show começar. Depois aplaudiu cada tango efusivamente. 
Na manhã seguinte fomos ao zoo de Palermo. Ficamos por lá até o fim de tarde em meio a bichos oriundos do mundo todo, de tigres siberianos a sucuris amazônicas... A programação do dia foi dedicada ao João Pedro, que passou o dia todo saltitante dando comida para os animais. À noite, exaustos, mais bife de chorizo e vinho no restaurante do hotel mesmo, com o João Pedro dormindo de lado.
Na manhã de hoje fomos às compras de livros, nas inúmeras livrarias e sebos que fizeram de Buenos Aires a capital mundial do livro em 2011. Logo na primeira adquiri Las Venas Abiertas de América Latina, de Eduardo Galeano. Depois vieram Borges, Sábato, em poesia, em prosa, e mais Borges, para uns amigos diletos... Fiquei sinceramente impressionado com o mercado de livros da cidade. Compra-se livro tal como se compra jornal. Todos os dias. Livros de todos os gêneros, de todas as línguas, de todas as áreas do conhecimento. São milhares de livrarias e sebos, muitas umas ao lado das outras. Todas permanentemente com alguns clientes folheando os livros, realidade muito diferente da nossa. Não sei se por influência de Jorge Luis Borges, que viveu embrenhado em bibliotecas, lendo muito e escrevendo sua obra genial. Aliás, Borges lamentou ter perdido o Nobel de Literatura de 1979 para um desconhecido escritor indiano não pelo prêmio em si, mas pela enorme tristeza do povo argentino, que sofreu sua derrota tal como uma eliminação da seleção nacional numa copa do mundo de futebol. 
Almoçamos num simpático restaurante patagônio em Porto Madero. No cardápio, bife de chorizo e vinho... À tarde fomos ao Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires - MALBA. Obras incríveis encontramos por lá, praticamente todas de viés libertário. Pena que duas das principais -- o Auto-retrato de Frida Kahlo e Abaporu de Tarsila do Amaral -- haviam sido emprestadas para uma exposição. 
Ao cair do crepúsculo, regressamos para a 9 de Julio e tiramos algumas fotos do imponente Teatro Colón, o terceiro de melhor acústica do mundo, um orgulho nacional. Depois, um McDonald's para o João Pedro, um café para nós e a pé seguimos pela Corrientes até o hotel. No caminho alguns souvenirs e mais livros.
No quarto do hotel, no momento, com João Pedro dormindo, tomamos uma Quilmes e escrevemos estas linhas...  

Um comentário:

Raphael Esmeraldo disse...

Meu velho amigo, homem de todas as horas!!!


Estando na Corrientes não deixe de visitar a "Tierra de Heroes", um bar temático com absolutamente TUDO o que se refere a FUTEBOL!!!

Meu velho, aquilo lá é demais!! Tem de Pelé a Messi, contando o exemplar de ingresso de cada final de Copa do Mundo (todas elas) com a respectiva réplica da bola utlizada!!!

Tem Camisa autografada de quem voce imaginar, tem réplica da Taça Libertadores e valer muito a pena conversar com Sergio Perez, o dono do Bar!!!

Ele é fã do Brasil e do Futebol Brasileiro!! Fala muito de como os brasileiros admiram e dão valor à história do Futebol e ao que ele tem do que os próprios Argentinos!!!

Corrientes, 1187!!! Passa lá, meu velho!!!!