terça-feira, 30 de setembro de 2014

FRASE DO MÊS



DICA DE LEITURA



Acabo de ler com entusiasmo o livro "Um oásis dos menos favorecidos da sorte: a experiência do Serviço de Promoção Humana, Camocim/CE. 1962-1979", das coreauenses Vera Lúcia Silva e Ana Selma Silva de Aguiar, ambas graduadas em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú.  
O livro conta parte da trajetória do Serviço de Promoção Humana em Camocim, entre os anos 1962 e 1979, período de criação, auge e declínio dessa grande experiência nascida a partir da prática religiosa libertadora e ecumênica, cujo objetivo principal era o desenvolvimento integral do ser humano, através de ações sociais de caráter comunitário, na sede e na zona rural de Camocim. Nas palavras das autoras: 
"O Serviço de Promoção Humana (SPH), em Camocim, surge dentro do contexto dos anos 1960, momento em que o mundo passava por grandes transformações políticas, sociais e econômicas. Período também em que a Igreja Católica repensava sua ação junto ao leigo e à sociedade. No Brasil a fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1952, abriu caminho para a inserção da Igreja Católica do Brasil no campo social de forma mais intensa e fertilizou o campo para receber as discussões que viriam com o Concílio Vaticano II (1962-1965) e com as conferências episcopais latino-americanas de Medellín (1962) e Puebla (1979).
Construído e constituidor de seu tempo, o SPH nasce com o objetivo de promover o desenvolvimento integral das populações pobres da cidade de Camocim, criando os serviços de: Educação e Cultura, Saúde e Higiene, Recreativos, Trabalho (Produção, Alimentação e Habitação), Jurídicos, Póstumos, Comunicação Social e Transporte. De todos os serviços desenvolvidos, o mais importante foi a educação." (Ed. EGUS, Sobral. 2014. p. 147).    

P.S.: Um dos organizadores do livro foi o padre e professor, coreauense, Benedito Genésio Ferreira, cofundador, atual presidente e uma das maiores expressões e referências do Serviço de Promoção Humana.   

domingo, 28 de setembro de 2014

OTÍLIA


Quando viu Gonçalo triste e envergonhado, sentado na cadeira de rodas, com a mão estendida pedindo esmola na feira de domingo, Otília sorriu com sarcasmo e pensou consigo:
– Vai, bicho ruim, humilhar um padecente de Deus! 
Gonçalo vivia próspero e saudável. Seu bar era bem frequentado e ele, aos sessenta anos, se gabava de nunca ter precisado ir a médico. Até que certa noite, ao tirar a calça depois de mais um dia de trabalho, percebeu uma ferida estranha na perda esquerda. Confiante, esperou que, com o tempo, a coisa sarasse, mas à medida que o tempo passava a ferida só crescia. Nem mesmo os medicamentos prescritos pelo dono da farmácia conseguiram conter o avanço da pereba. Finalmente, Gonçalo teve que ir a Sobral procurar ajuda médica. Depois de quatro meses de sofrimento, ele retornou à Palma, sem uma das pernas, prostrado numa cadeira de rodas e ainda sem nenhuma perspectiva financeira. Todo o dinheiro que economizara ao longo da vida despendera no tratamento; para agravar a situação, o bar não resistiu à sua ausência e os filhos tinham ganhado o mundo atrás de emprego. Dona Zilda ainda pediu que ele não fosse, mas, como a ajuda dos amigos era pouca, engoliu o orgulho e se dirigiu, empurrado por um pixote, para a entrada principal do Mercado Público, numa manhã de domingo. 
Pouco antes da doença de Gonçalo, Otília estivera em seu bar pedindo esmola aos fregueses. O dono do bar, irritado com a presença incômoda, mas sem coragem de expulsá-la, apenas soltou-lhe uma indireta:
– Boa essa sua profissão, não é, Otília?! Enquanto a gente trabalha, você fica só nessa vadiagem! 
Otília ficou possessa com a piada de Gonçalo, imediatamente recolheu a mão com que pedia os trocados e se retirou do estabelecimento, não sem antes responder à provocação:
– Pois tome cuidado, Seu Gonçalo, para você não morrer exercendo essa minha mesma profissão!   
Gonçalo realmente morreu pedindo esmola e essa praga era somente mais uma das tantas de que Otília se vangloriava de ter botado durante a sua vida.  

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

BENEDICTUS EST



Eis a posse do novo psicólogo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), campus Tianguá: o camarada Benedito Gomes Rodrigues. Ele ainda estava no 7.º (sétimo) semestre do curso de Psicologia da UFC-Sobral, fez o concurso de maneira despretensiosa, chegou para a prova na iminência do fechamento dos portões, mas, aprovado em 2.º lugar, no seu primeiro concurso, antecipou, num único semestre, todo o restante do curso, colou grau um ano e meio antes do previsto, inscreveu-se no conselho profissional e obteve o diploma no último dia da entrega da documentação para a posse... Uma odisseia que findou numa sorridente assinatura de um termo de posse em um cargo público federal de nível superior. "Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu." (Pessoa)

domingo, 21 de setembro de 2014

DILMA 13



         O PT adotou o pragmatismo político, não priorizou as reformas estruturais, se distanciou das bases populares..., cometeu, enfim, muitos erros, mas, apesar dos atropelos, o PT ainda traz consigo um projeto bem definido para o Brasil, traduzido como desenvolvimento econômico com redução das desigualdades sociais. O desenvolvimento econômico tem sido acanhado, possivelmente devido à crise internacional, mas o êxito da política de redução das desigualdades é algo público e notório, que incomoda a nossa velha elite conservadora e reacionária – e seus asseclas –, por representar, depois de quinhentos anos de estagnação, o começo do fim do nosso modelo tradicional de casa-grande e senzala. É, sobretudo, por esse compromisso com a igualdade que voto Dilma!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

POETA ANDARILHO



Teu palco é a rua,
 És ébrio andante,
Percorres a noite
Na ponta dos pés.
Balanças inquieto,
Quase não bebeste
A fina aguardente;
Não sei onde estás.
Pediste um cigarro;
O corpo envergado
É duro, uma pedra,
Quase não suporta
Teu fardo de amor.
Nuvem de fumaça;
Hesitas canhestro,
Não moras na rua,
Mas dentro de ti.
Entraste na vida,
Deveras, fecunda,
Detrás da certeza
Da luz da manhã.
És tido por louco;
Mas sei que tu és:
Poesia que corre,
Com água serena,
Um sopro de vida,
Que rega e alumia
O imenso deserto
Do escuro existir.

Eliton Meneses

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

SEMANA APL DE DEBATES



Finalmente, um evento cultural (discreto, mas bastante simbólico) foi realizado paralelamente à Festa de Setembro de Coreaú. A Academia Palmense de Letras (APL), em parceria com a Rádio Princesa do Vale FM, realizou a 1.ª Semana APL de Debates, entre os dias 08 e 12 de setembro de 2014. 
No dia 08, o tema foi formação social, com participação de Leonardo Pildas, Prof. Aguiar, Raimundo Marques e Manuel de Jesus. No dia 09, o tema foi economia local, com participação de Manuel de Jesus, João Alberto Teles e Mário Portela. No dia 10, o tema foi educação, com participação de Prof. José Mário, Manuel de Jesus e João Alberto Teles. No dia 11, o tema foi religiosidade, com participação de Leonardo Pildas, Prof. Aguiar e Fernando Deda. No dia 12, o tema foi juventude, com participação de Manuel de Jesus, Rantzal Frota, Benedito Rodrigues e Eliton Meneses.  

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

ANEL DE TUCUM



"O anel de tucum é um anel feito da semente de tucum, uma espécie de palmeira nativa da Amazônia. (...) 
O anel tem sua origem no Império do Brasil, quando jóias feitas de ouro e outros metais nobres eram utilizados em larga escala por membros da elite dominante para ostentarem sua riqueza e poder. Os negros e índios, não tendo acesso a tais metais, criaram o anel de tucum como um símbolo de pacto matrimonial, de amizade entre si e também de resistência na luta por libertação. Era um símbolo clandestino cuja linguagem somente eles compreendiam.
Mais recentemente, a utilização do anel de tucum foi resgatada por fiéis cristãos, especialmente adeptos da teologia da libertação, com o objetivo de simbolizar a 'opção preferencial pelos pobres', especialmente por fiéis católicos após as Conferências Episcopais de Medellín e de Puebla.
(...) Dom Pedro Casaldáliga (...) explica da seguinte maneira a utilização do anel:
'Este anel é feito a partir de uma palmeira da Amazônia. É sinal da aliança com a causa indígena e com as causas populares. Quem carrega esse anel significa que assumiu essas causas. E, as suas conseqüências. Você toparia usar o anel? Olha, isso compromete, viu? Muitos, por causa deste compromisso foram até a morte'."

Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

A LUTA PELO DIREITO



A Luta pelo Direito (no alemão: "Der Kampf ums Recht"), de Rodolf von Ihering, um dos maiores clássicos da literatura jurídica, defende a ideia de que o direito deve ser conquistado pela luta. Para Ihering, o Direito não é uma pura teoria, mas uma força viva, porquanto todos os direitos da humanidade foram conquistados na luta; uma luta permanente pelo direito, protagonizada por classes, instituições, indivíduos, etc. 
A paz, segundo o jurista alemão, é o objetivo do Direito e a luta é o meio de atingi-lo. Como nas outras lutas, na luta pelo direito, não é o peso das razões, mas o poder relativo das forças postas que faz pender a balança.  
Assim, é preciso saber que a conquista de direitos exige luta; luta que se faz com coragem e altivez, pois quem rasteja como um verme não pode se queixar de ser pisoteado (Ihering).  

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

FESTA DE SETEMBRO




Vou andar légua tirana,
Gastar chinelo no chão,
No meio da caravana;
Irei para o meu rincão.
Minha terra pequenina,
Tu tens cara de menina,
Palma do meu coração.
Vale d'água cristalina,
No teu leito eu escorro,
Morena do pé-do-morro,
De feição tão feminina;
Na festa da padroeira,
Da virgem da Piedade,
Quero matar a saudade,
Dos parentes e da feira;
Nobre Coluna da Hora,
Bem diante da Matriz,
Tanto mais se fica fora,
Mais invade a cicatriz.
Minha velha cajarana,
Onde jaz o meu cordão,
No dulçor da tua cana, 
Eu forjei meu coração.

Eliton Meneses

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